29.2.20

AINDA NÃO ACABOU II


29 fevereiro |AINDA NÃO ACABOU | Prolongar uma história, um livro.

1.º exercício - prolongar uma história 

Hoje andávamos à volta do fim.
Primeiro, passámos para o outro lado, continuando uma história que todos conhecem: o Capuchinho Vermelho.
E se o lobo não tivesse morrido. Partimos das linhas:
- Para que tens a boca tão grande?
- É para te comer melhor!


...


Para que tens uma boca tão grande? É para te comer melhor.
A capuchinho vermelho estremeceu, acabara de perceber que aquela que tinha à sua frente não era a sua querida Avó e sim o lobo que havia visto momentos antes no bosque.
Pensou onde se encontraria a Avó depois daquele comentário petrificante e começou a correr para a porta da rua, mas o lobo levanta-se repentinamente, caindo-lhe a toca da sua doce Avó no chão. Repara então na grande barriga que o lobo tinha e compreende que ele a tinha dentro de si. Tenta alcançar a maçaneta da porta com rapidez mas o lobo, com as suas grandes patas felpudas atinge-lhe os ombros, começando por engolir-lhe a cabeça e depois o corpo. Cai, por fim, num grande poço pegajoso e encontra a Avó cheia de medo, a tremer. Percebem que nunca sairão dali vivas e abraçam-se com a força do mundo como se tal as salvasse de destino tão triste.
O lobo satisfeito, encosta-se no cadeirão da velhota e pensa em como era forte e como iam ficar os seus amigos surpreendidos por este grande feito.
Nisto, sente umas picadas fortes na barriga, como se fossem unhadas.
- Olha agora, estas duas, se isto já se viu!!
As unhadas começam a ganhar ainda mais força e quase que lhe rasgam as vísceras. Por fim, sente beliscões no esófago e uma mão na garganta e a Capuchinho Vermelho -  com toda a sua vivacidade dos seus oito anos - consegue escalar lobo acima. Mal consegue sair cá para fora, espeta-lhe nos olhos os dedos fininhos e este grita, indo contra os móveis. A capuchinho lança-lhe por fim uma faca e ele tomba no chão redondo. Ainda sem ter a certeza que ele está verdadeiramente morto, abre-lhe a barriga e a Avó amedrontada sai a correr.

Elas fogem para o bosque para nunca mais voltar a casas onde animais falam.
Mariana Matias


- Para me comer melhor? Ò diabo, tu queres ver que este é daqueles que gosta de seduzir meninas novas com idade para ser netas dele?
- Como assim para me comer melhor?? Olhe que eu não sou dessas…
O Lobo ficou baralhado e por uns segundos não reagiu… e disse: Mas o que é que estás prai a dizer rapariga? Anda cá que eu ainda tenho aqui um buraco não estômago, a tua avó não me matou a fome… faltas tu para completar a refeição…
Nesse momento, caiu-lhe a ficha… a sua querida avozinha estava no estômago daquele lobo malvado… tinha de fazer alguma coisa…
- Ó Sr. Lobo, tudo bem já que comeu a minha Avó, vou deixá-lo comer-me a mim também… mas primeiro vou-lhe fazer um chazinho para não ficar maldisposto; comigo e com a minha avó aí dentro vai ficar enfartado de certeza. O Lobo hesitou por um momento mas acabou por lhe dar razão. E assim a Menina correu para a cozinha para fazer uma poção mágica com ervas daninhas, que ia pôr o Lobo Mau com os bofes de fora. Foi certo… assim que o chá bateu no estômago, o lobo começou a vomitar sem parar e lá saiu a avozinha, um pouco amarela e esverdeada, mas viva e agradecida pela iniciativa da neta.
                                                                                      Rute Gonçalves


Percebendo o que se passava, Capuchinho sacou do cesto um ramo carregado de piri-piri que tinha apanhado pelo caminho e segurou-o com força. O lobo, tragou-a de uma só vez. Encontrou facilmente a avó, às voltas dentro da barriga do lobo. Abraçou-a com força e disse-lhe: agarra-te bem a mim, avó. Não demorou muito a que o lobo começasse a inchar, a arfar aflitivamente e as cuspisse com toda a força. Estava tão atrapalhado, que quando Capuchinho lhe abriu a porta e disse para sair, não percebeu que a porta era a do forno. Ainda hoje, por aquelas bandas, lobo com piri-piri é uma especialidade culinária muito apreciada.
                                                                              Francisco Feio









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