Mário-Henrique Leiria |
18 janeiro |NÊSPERA | Dia
Internacional do Riso, escrever inspirados em Mário-Henrique Leiria
O mote:
Rifão Quotidiano
Uma nêspera
estava na cama
deitada
muito calada
a ver
o que acontecia
chegou a Velha
e disse
olha uma nêspera
e zás comeu-a
é o que acontece
às nêsperas
que ficam deitadas
caladas
a esperar
o que acontece
Escritos:
1.º Acrósticos com NÊSPERA
Nêsperas
são no Porto magnórios
E os
canalizadores picheleiros.
Simbalino
é nome de bica,
Postura
sítio onde se espera táxi,
E nas confeitarias
comem-se pastéis, como os
Russos
– que lá são mil-folhas.
Agora
em comum com Lisboa há a Leitaria da Quinta do Paço e seus afamados éclairs.
No céu
de Janeiro houve um eclipse em plena Lua cheia.
Estrela
polar ou cruzeiro do Sul dão o Norte a marinheiros à deriva no mar.
Sol é
estrela que brilha de dia.
Plutão
já foi planeta, perdeu o nome, que continua a ser o do cão do Mickey.
Estrela
da manhã, estrela da tarde, ambas brilham no firmamento, uma a última primeira. Só que estrelas não são.
Roma, a
loba, Rómulo e Remo amamentou.
A
tragédia grega tem 2.000 anos e continua actual…
No dia
do Equinócio já vemos o Solstício.
Escondemos
a dor em lágrimas de riso.
Sul é o
norte do meu coração.
Podemos
ser e não ser os mesmos aos 8, aos 18, aos 28, … aos 88, independentemente das
águas e do rio em que nos banhamos.
Escolhemos
sempre o que queremos mesmo se escolhermos não escolher.
Rato é
o nome do animal do Ano Chinês em 2020. Rato era o animal que transmitia a
peste bubónica. Rato é um animal nojento.
A lua é
sempre nova porque nunca se vê.
Paula Carvalho
Nunca tinham ido ao circo
Elefantes, palhaços e trapezistas não agradavam à mamã.
Saíam, no entanto, todas as tarde para a sua voltinha.
Parque e pastelaria.
Estavam eles nesta, quando montaram a tenda.
Rubicundo e vermelho, o domador estalou o chicote no chão.
Apressaram-se a saltar para o plinto. Hoje, mãe e filho são as grandes atracções do circo.
Cristina Borges
2.º Histórias desconcertantes. Com ou sem acróstico. (Foi sempre com acróstico. Adoramos acróstico.)
Breve distopia da nêspera
Naqueles
dias já não havia ninguém nas ruas, dia ou noite, depois de eles terem chegado
e tomado conta dos nossos dias e das nossas vidas.
Eram
dias que faziam esquecer o tempo em que tudo fluía naturalmente, ao sabor das vontades
e dos desejos que cada um trazia dentro de si.
Sempre
que esse tempo vinha à memória, havia um mecanismo interno, quase automático,
que desligava o fluir do pensamento não fosse alguém, dominado pela saudade,
lamentar-se de viva voz pela perda irrecuperável dessa outra vida.
Paralelamente,
persistiam aqueles que teimavam em não esquecer, tornando a memória num
exercício quotidiano, sozinhos ou em grupo, criando narrativas que existiam
fragmentadas e repetidas por todos os elementos, de modo a que a falha de um
não tornasse impossível a recuperação do todo.
Era
um mundo que existia em dois níveis, um que esquecia, por escolha ou obrigação
e outro que lembrava por convicção e os dois raramente se cruzavam apesar de
ser mais fácil esquecer e por isso era uma tarefa complicada recrutar novos
membros para o lado da memória.
Registar,
relembrar, recuperar do esquecimento era a palavra de ordem deste tempo, que
aparecia sob a forma de 3R pintados a correr nas paredes da cidade, no silêncio
da noite e que intrigavam os habitantes pela manhã que se interrogavam sobre o significado
daqueles sinais gráficos que já poucos sabiam reconhecer como letras.
Ainda
hoje ninguém sabe como tudo começou e contam os mais velhos que não houve
nenhum dia inicial, apenas o deixar entrar uma indiferença e apatia casuais,
aparentemente inócuas, que como um vírus que trabalha lentamente, foram criando
as condições para uma tomada de poder pelos novos detentores da razão que quase
todos aceitaram sem ninguém, na realidade, entender ao que vinham.
Francisco Feio
AMOR+
Nunca
me deixes. Sem ti não sou nada, sabes bem.
E sabes
que te amo, que sem ti vivo em apneia constante.
Sou
violento, ciumento?
Pode
ser que seja.
É o
preço do amor, do meu amor que te tenho, que é a minha forma de amar.
Recuso
renunciar a ti. Matar-te foi acto de amor.
Afinal,
foi quando já não podes deixar-me que descobri que apneia é doença crónica que
faz mal ao coração. E que em vez de prender-te te dei as asas com que fugiste
de mim. Chegou a hora, a minha. A água quente está pronta, a navalha afiada
cumprirá o seu dever.
Paula Carvalho
3.º Outros escritos que surgiram
Escrita
automática
Norte,
nesperas, nozes, nada, ninguém, nunca, nomear, nadar, nenúfar, nanar, nota,
Nice, não, no, na, Nestlé, novo, notoriedade, notável,
Este,
estrangeiro, encerado, ensombrado, enlutado, entrevado, etéreo, entrelaçado,
enroscado, entubado, envergonhado,
Sul,
seca, soba, subir, sorumbática, sem, sombra, sombria, senatorial, sorver,
sorte, sério, sisudo, só, sozinho,
Poente,
palas, portas, Paulo Portas, pintor, punhos, punhais, pelos, pagelas,
pirâmides, pistolas, porteiros, piranhas, plumas, piratas, partes, pomes,
puros, perfeitos, pilantras, peritos, pilares, pregos, pressa, pança, palavras,
partos, patos,
Encontro,
ermo, entusiasta, entornar, emplumado, encarregado, erguido, Eiffell (a torre),
Engenheiro Eiffell, encadernação, entorse, esqueleto, escaleno, estirado,
estio, esquentador, enlutado,
Raio,
rumiannte, raia, robalo, rico, rápido, rezingão, rato, rosca, rúcula, rosbife,
rosa, Rummnigje, Rómulo, Remo , Roma, rotunda, rio, resort, ror, rol, romeno,
rufar, ribombar, retumbante, rotundo, rococó,
Atacante,
aterosclerose, atrofia, alopecia, articulado, alto, aluado, aspas, ancas, arte,
aorta, alombar, actuar, actividade, auto, autêntico, alentejano, aipo, açorda,
alemão, Algarve, autocarro, automotora, automóvel, alívio, arder, alba, aurora,
airbnb, aeroporto, avião, artista, aviador, autista, admirador, abecedário,
abacate, abóbora, alecrim,
Paula Carvalho
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