23 de
novembro: HAIKU. Aproximações
aos poemas minimalistas japoneses.
Desponta o dióspiro
o ramo dança
Suspiro de Deus
Ao sol da manhã
Os pássaros conversam
A noite acabou
Ao primeiro sol
O rio suspende a corrente
Espelho da manhã
Graniza, chove em torrente
O guarda-chuva
Vai com o vento
A alma vai com o vento
A ventania sacode o tempo
Varetas partidas
A chuva seca
Os chapéus fecham-se
Folhas caídas
Num silêncio vegetal
Pássaros talvez
Penas como folhas
Pingos de silêncio
Pássaros talvez
Rasto de asas
Aroma de folhas perdidas
Pássaros talvez
Folhas como asas
Folhas tombadas pelo vento
Pássaros talvez
Helena Campos
não em mim
repousa sobre a mesa
As folhas caídas
Descem lentamente até ti
As árvores tremem nuas
O sabor frágil
Do dióspiro
Suspiro de deus
O vento suave
No cipreste
Suspiro de deus
Fatias laranja
Guardados no dióspiro
Suspiro de deus
Desponta o dióspiro
O ramo dança
Suspiro de deus
Mordo o dióspiro
O metal atravessa
A língua adormecida
A pele macia
Fulgor laranja
Mordo um dióspiro
De toque suave
mordo um dióspiro
o corpo agradece
a água corre,
apenas pelo guarda chuva
um guarda chuva
agarra o inverno
este é o tempo
perdido no jardim
um guarda chuva esquecido
nosso inverno submerso
suspensa a máquina de costura
o guarda chuva impõe-se
Das árvores altas
No chão claro do jardim
Folhas caídas do céu
Divina passadeira
Aparece um caminho
Nas folhas dispersas pelo vento
Folhas caídas
Desaparece o chão
Árvores choram
Francisco Feio
Aguardo a chuva
Guardo-a no guarda chuva
Pinta-se o arco-íris
Folhas caídas ao luar
Anoiteceu breu a tocar o céu
Mãe já a sonhar
Ao primeiro sol
O rio suspende a corrente
Espelho da manhã
Abro fecho, fecho abro
Sol chuva , chuva sol
Guarda chuva pobre coitado
Joana Dinis
Mordo o dióspiro
ao sol da manhã
Casa da avó
Folhas caídas
chão amarelo
o dia a murchar
gotas tremem
o guarda chuva
chora devagar
Cristina Borges
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